Lombalgia
Quase todas as pessoas sofrem de dores lombares em algum momento das suas vidas. Essa dor pode ser ligeira ou intensa e pode ter uma duração variável. De um modo geral, as lombalgias interferem de modo significativo nas atividades diárias.
A anatomia da coluna é complexa e engloba as vértebras, os discos intervertebrais e todo um conjunto de estruturas musculares, ligamentos e nervos. Existem diversas regiões na coluna: cervical, torácica, lombar e região sacral. Nesta última região, as vértebras estão fundidas umas nas outras. A região lombar compreende 5 vértebras.
Sempre que caminhamos ou corremos, os discos absorvem os impactos e impedem que as vértebras colidam umas contra as outras. Eles contribuem para os movimentos da coluna e facilitam a sua flexão e torção. Cada disco é composto de um anel fibroso e de um núcleo gelatinoso que permite a absorção dos impactos.
A dor lombar é muito frequente na população em geral com incidências descritas entre 85% a 90%. No atleta, independentemente do nível desportivo, é também um dos principais motivos de incapacidade física com prejuízo direto no treino e na competição. Os esportes mais frequentemente envolvidos são a ginástica, o futebol, o remo, a natação, a halterofilia, entre outros.
Fatores de risco
Existem diversas causas para as lombalgias. Elas podem ocorrer após um movimento específico, como o levantamento de um peso ou uma flexão do tronco, ou podem resultar do normal processo de desgaste relacionado com a idade. As alterações degenerativas da coluna começam aos 30 anos e aumentam o risco de lombalgias, sobretudo quando algumas atividades são praticadas em excesso. Contudo, é importante referir que essas alterações relacionadas com a idade não são, nem devem ser, impeditivas de uma vida ativa e é possível praticar esporte mesmo na presença dessas alterações de carácter degenerativo.
O excesso de atividade, como foi referido, é um dos fatores de risco para a ocorrência de lombalgias, dada a pressão exercida sobre os músculos e ligamentos, é frequente ocorrerem dores lombares em esportes como o basebol, o golfe ou a corrida, sobretudo quando se esteve inativo durante algum tempo. Esse tipo de dor, que também afeta outras áreas, tende a desaparecer ao fim de alguns dias.
As lesões dos discos intervertebrais causam lombalgias de maior duração. Essas lesões podem ser pequenas “rasgaduras” no anel fibroso do disco, que se tornam mais frequentes com a idade e que, em alguns casos, não provocam qualquer dor. Contudo, a dor é comum e pode durar meses. Outras lesões do disco que se associam a lombalgias são as hérnias discais, já abordadas anteriormente, e que podem causar um quadro de dor ciática, também já detalhado. Ao longo da vida, os discos perdem o seu conteúdo em água e reduzem o seu tamanho, podendo colapsar, o que permite que as vértebras colidam umas contra as outras. Esse processo de atrito provoca dor e rigidez e é designado por osteoartrite.
O processo de envelhecimento e a sobrecarga sobre a coluna podem dificultar a manutenção das vértebras na sua posição correta, permitindo que elas deslizem umas sobre as outras, assim comprimindo as raízes nervosas vizinhas.
O estreitamento do canal espinal é outra causa de pressão sobre a medula e sobre os nervos. Esse estreitamento pode ser uma consequência do crescimento de tecido ósseo, os esporões, estimulado pelo colapso dos discos e pela osteoartrite e cuja função é melhor suportar as vértebras. Esses esporões acabam por estreitar o canal. Do mesmo modo, o processo de osteoartrite determina o espessamento dos ligamentos, o que também estreita o canal espinal.
A escoliose, que corresponde a uma curvatura anormal da coluna, é também causa de lombalgias e sintomas relacionados com as pernas, se ocorrer compressão nervosa. A escoliose pode desenvolver-se na infância ou pode estar relacionada com a idade.
Existem outras causas para as lombalgias, como as doenças vasculares, o cancro, pelo que é sempre importante uma avaliação médica.
Sintomas
As lombalgias são diferentes de pessoa para pessoa. A dor pode ter um início lento ou súbito, pode ser intermitente ou constante. De um modo geral, a lombalgia desaparece de um modo espontâneo ao fim de algumas semanas.
Por vezes, as lombalgias correspondem a uma dor tipo agulha ou podem parecer uma cãibra. Estas características dependem da causa subjacente à lombalgia. Em muitos casos, a posição horizontal permite um alívio importante da lombalgia e, pelo contrário, a dor acentua-se com a posição sentada, com a flexão do tronco ou com o levantamento de pesos. Estar de pé e caminhar também acentua a lombalgia.
A lombalgia pode ser mais acentuada em uns dias do que em outros e pode estender-se à região da nádega ou da face externa da coxa mas não para a perna. Quando isso acontece, é provável tratar-se de uma hérnia discal com dor ciática.
Diagnóstico
Como sempre, o exame médico e a história clínica são o ponto de partida para o diagnóstico. O uso de estudos radiográficos, tomografia computorizada ou ressonância magnética permite uma melhor definição da causa da lombalgia.
Em alguns casos, poderão ser solicitados exames adicionais como a osteodensitometria, que avalia a presença de osteoporose, outro dos fatores que contribui para a lombalgia. Por si só, a osteoporose não causa lombalgias porem aumenta o risco de fraturas da coluna.
Tratamento
A fisioterapia na lombalgia é indicada como tratamento na fase aguda, ou seja, quando há uma exacerbação dos sintomas, devendo as sessões serem realizadas diariamente até à completa remissão dos sintomas. Nas sessões de fisioterapia são aplicadas técnicas como liberação miofascial, alongamentos e fortalecimento muscular, aliadas a técnicas de osteopatia como a manipulação da articulação sacro-ilíaca. Pode também ser utilizada eletroterapia, para alívio da dor e diminuição da inflamação, associados na maioria das vezes à toma de medicação anti-inflamatória.
A fisioterapia na lombalgia também incide no ensino ao paciente da aquisição de uma boa postura nas atividades diárias, como no trabalho ou no treino de academia. Uma ótima técnica para o conseguir é através da reeducação postural global (RPG). É também aconselhável que durante a fase aguda, o paciente não faça esforços ou atividade física.